Existem diferentes tipos, técnicas e estilos de meditação. Não tenho competência, contudo, para falar sobre todos eles ou descrevê-los aqui - uma boa busca na internet sobre isso certamente vai lhe render explicações melhores e mais completas. Além disso, de fato, só experimentei um tipo, conhecido como meditação mindfulness ou meditação de atenção plena; e é sobre essa que vou escrever.
A meditação mindfulness é uma maneira de interagir com o que acontece ao nosso redor de maneira mais consciente. Em português, ela é traduzida como atenção plena justamente por este termo frisar a necessidade de prestar atenção nas coisas no momento em que elas ocorrem.
Por exemplo, como você está sentado agora (sua postura)? Qual a sensação do ar em seus braços ou rosto? No que você está pensando? Que emoções está sentindo? Na maioria das vezes, com a correria cotidiana, essas coisas passam totalmente desapercebidas porque, de tão triviais, fazem parte do nosso modo de piloto automático da consciência.
A idéia da meditação mindfulness, ao contrário, é prestar atenção no momento, de maneira que você esteja consciente do que acontece e das suas escolhas ao longo do dia. Você lembra por que escolheu a roupa que está vestindo? Lembra o que tomou no café da manhã? Lembra a cor do carro que estava ao seu lado no sinal vermelho? Ok, esse último exemplo foi exagerado, mas ele nos mostra que não prestamos atenção nas coisas simples que acontecem ao nosso redor.
Ok, Rafael; mas e daí? Em que me lembrar a hora que escovei os dentes vai melhorar minha vida? Aí é que está… a essência da meditação mindfulness é que você, ao se tornar mais consciente do que faz, do que acontece e das suas escolhas, com o tempo, será capaz de ter mais controle sobre suas reações. Ou seja, será capaz de responder e não reagir a uma determinada circunstância. Isso implica em uma maneira diferente de viver, encarando a vida e enfrentando situações adversas do dia-a-dia na universidade, no trabalho e fora dele. Não é à toa que a meditação traz tantos benefícios para aqueles que a praticam, em especial a redução do estresse (dê uma espiada nesse texto do Eduardo Pacífico, publicado no Linkedin).
Outra vantagem de se relacionar de forma diferente com os acontecimentos é que você deixa de criar histórias na sua cabeça. Como assim? É isso mesmo. Especialmente diante de um fato que não nos agrada, nossa tendência é fugir do problema ou viajar direto para o futuro (Será que não vou conseguir? Quando vou aprender programação linear inteira? Como vou conseguir escrever essa tese?) ou nos apegarmos ao passado (Por que ela fez isso comigo? Por que disse aquilo? Nunca aprendi a usar o R).
Podem ignorar os exemplos nerds se quiserem, mas o fato é que alimentamos essas histórias em nossa cabeça e elas normalmente não são verdades! Como a meditação mindfulness sugere que nos atentemos ao presente, você pode/deve/precisa abandonar essas histórias para conseguir meditar. E é lógico, porque o que aconteceu não pode ser mudado e o que vai acontecer não está sob seu controle - logo, o presente é o único lugar onde você pode realmente fazer suas escolhas.
A essência da meditação mindfulness esta baseada na aceitação das experiências às quais estamos expostos e não na reação às experiência per se. No jargão da meditação isso é chamado de não identificação - nós sentimos as coisas, não somos o que sentimos (por exemplo, eu fico triste, às vezes; não sou uma pessoa triste). Vou voltar a esse assunto quando falar sobre uma técnica de meditação direcionada ao enfrentamento de emoções fortes.
Veja que ainda não falei sobre como meditar ou o que é a meditação em si, mas entender a idea por trás da meditação mindfulness vai nos ajudar a meditar quando começarmos. Então, aguardem os próximos posts que aí vem mais dicas e técnicas sobre como meditar na prática
(Alerta de spoiler: é muito simples!).