No meu post sobre meditação mindfulness no trânsito já rolou um spoiler, com uma meditação sugerida. Se você leu (e quem sabe seguiu minha sugestão) você já meditou: parabéns!

É bom, entretanto, sistematizar mais um pouco e vou propor uma maneira simples de você meditar, principalmente se nunca fez isso. Mas antes disso, é bom você saber pelo menos três coisas antes de começar a meditar:
  1. A meditação não vai deixar sua cabeça vazia. Essa é uma ideia errada e muito difundida; de que a meditação vai deixar seu cérebro em branco. Isso é impossível! Não há como ficarmos sem pensar. Aliás, a meditação propõe exatamente o contrário: que você observe atentamente seus pensamentos (mas não seja levado por eles). É como estar na rua, esperando o sinal verde abrir para os pedestres e observando os carros enquanto ele não abre. Se você for para a rua e tentar parar os carros, vai ser uma confusão. Então, não é para parar de pensar ou ficar com a cabeça vazia - apenas preste atenção no que você pensa. Parece estranho, mas acredite, com o tempo, fica mais fácil. Uma vez eu me dei conta de como andava zen porque um amigo me perguntou se o objetivo da meditação era controlar os pensamentos. Minha resposta foi “Ao contrário! Você medita para os pensamentos não te controlarem."
  2. Você não precisa sentar-se numa posição estranha ou fazer gestos com as mãos. Ao contrário do que muitos pensam (ou do que você vê na internet ou revistas) você não precisa sentar-se com as pernas cruzadas, em posição de lótus, e fazer gestos (mudras) com as mãos. Você até pode fazer isso, se quiser. Eu mesmo medito sentado pelo menos uma vez por dia, sempre de manhã cedo (infelizmente, nem todo dia eu consigo). Mas me sento em uma poltrona. O importante é você estar confortável e relaxado, mas desperto. Ou seja, embora você possa meditar deitado, isso não é o ideal porque você pode relaxar demais e dormir (o que convenhamos, não é nenhum problema também - que bom que você dormiu tranquilo!). Além disso, e espero falar sobre isso aqui no blog, podemos meditar andando, cozinhando, conversando, etc.
  3. Você não precisa de um mantra. Alguns tipos de meditação (como a meditação transcendental) usam mantras, mas você não precisa de um para meditar no contexto de mindfulness. Você pode usar um mantra, se quiser - não há problema nenhum também. Afinal, o que é um mantra? Nada mais que uma palavra ou frase que lhe ajuda a focar na meditação. Como vamos ver nos próximos posts, ao longo da meditação muitos pensamentos virão e você pode se perder em meio a eles. Nessas horas, o mantra funciona como uma âncora que te puxa para o exercício básico da meditação, evitando que você se disperse. Ele pode ser útil especialmente em meditações longas, mas não é necessário. Eu mesmo não uso.
Agora que você já sabe que a meditação não é (ou não precisa ser) mística, que tal começarmos a meditar?