Muitas vezes conversamos com alguém, mas não ouvimos o que el@ tem a dizer.

Ser ouvido. Essa é a vontade e necessidade da maioria de nós. Queremos que as pessoas nos escutem, que ouçam o que temos a dizer. Seja no trabalho ou em casa, no bar com os amigos, ou em uma conversa com seu/sua parceir@.
Entretanto, já percebeu que muitas vezes não ouvimos, de fato, a pessoa? É comum, em nossos dias atarefados, que estejamos dispersos quando falamos com alguém. Essa falta de atenção se manifesta de várias maneiras. Por exemplo, você acaba de falar com alguém e não se lembra porque o assunto surgiu ou qual a conclusão da conversa. Em outras situações, você responde laconicamente, mas de fato está pensando em outra coisa - algo que precisa fazer ou deveria ter feito, por exemplo. Ainda, em boa parte dos casos, estamos pensando no que responder e ficamos dizendo coisas como “aham", “ok", “sim"… sem, de fato, prestar atenção.
Em conversas mais sérias, também temos a tendência de focar em quem “ganha" a conversa, quem tem o melhor argumento. Não estamos realmente interessados em ouvir a pessoa e pensar de forma curiosa sobre o que ela está dizendo. Apenas queremos impor o nosso ponto de vista. Isso sem falar na falta de atenção que temos na nossa própria linguagem corporal e a da outra pessoa.
É aí que uma atitude mindful pode fazer toda a diferença! Trata-se de exercitar e ter uma escuta consciente. É claro que todos nós temos nossos padrões de conversação. O importante aqui é identificar esses padrões e usar essa descoberta como uma forma de aprender sobre você mesmo. Como consequência, aprendemos a estar realmente presente nas conversas com outras pessoas.
Aqui vão algumas dicas para você exercitar sua escuta consciente nas próximas conversas que tiver:

Ouça as palavras, mas também entre as palavras. Antes da conversa, respire profundamente. Quando estiver conversando, tente concentrar-se nas palavras de forma receptiva. Além disso, tente observar e refletir sobre o que a pessoa está dizendo para além das palavras que usa;
Dê pistas não verbais para indicar que você está ouvindo. Quando a outra pessoa estiver falando, apenas ouça. Tente evitar interrupções ou expressar sua opinião. Tente apenas estar presente, em silêncio. Uma vez que você falará menos, dê pistas não verbais, tais como acenar com a cabeça ou sorrir, para que a pessoa saiba que você a está ouvindo;
Observe quando se desligar da conversa. Assim como quando meditamos, durante a conversa, diversos pensamentos surgirão. Quando perceber que sua mente se afastou da conversa, deixe de lado os pensamentos e volte sua atenção para o que a pessoa está dizendo. Uma respiração mais profunda já ajuda!
Esteja atento à sua linguagem corporal. Seu corpo fornece informações valiosas sobre sua experiência como ouvinte. Tente perceber sensações (por exemplo, há algum desconforto físico ou emocional?) e sua postura (por exemplo, você está atento? Está inclinado em direção à pessoa ou no sentido oposto? Braços cruzados? Olhar perdido?);
Responda com curiosidade. Quando estiver mais treinado em ouvir atentamente sem falar, comece a deixar a pessoa à vontade e tente agir de forma curiosa. A ideia é manter o foco em quem está falando, não voltar a atenção para si. Por exemplo, quando a pessoa te conta uma história, em lugar de dizer “Que legal! Comigo aconteceu assim… blá, blá, blá…", diga “Que interessante! E o que aconteceu depois? Ou e como você se sentiu nessa situação?". Claro, não é para usar essas frases, elas são para mostrar como podemos manter o foco na história do outro, ouvindo com curiosidade, ao invés de nos apressarmos para falar de nós mesmos.
Em resumo: a partir de uma escuta mais consciente, podemos ouvir com mais cuidado. Assim, percebemos o que nosso interlocutor quer dizer, não apenas com palavras, mas também com a emoção e o significado que ele empresta à conversa.
E não se engane: não é fácil, para ninguém. Eu mesmo tenho treinado e me esforçado bastante para estar mais presente nas conversas que tenho. Preciso melhorar muito, muito mesmo. Mas, pela experiência que tenho tido, vale a pena. Então, por que não começar com sua próxima conversa?